CULTURA DO ESTUPRO: Vamos romper o
silêncio
Texto produzido pela profa. Dra. Mary Ferreira
Estupro é considerado toda
prática não consensual de sexo, imposta por violência ou ameaça de qualquer
natureza, sem consentimento de uma das partes. Isso significa dizer que quando
uma das partes não aceita fazer sexo e a outra parte força, isso é violência, é
estupro!
Os estudos comprovam que
embora a prática vitime homens e mulheres, são as mulheres historicamente as
vítimas mais frequentes. Durante muito tempo falamos sobre esse tema baixinho,
de forma restrita. O medo e a vergonha impunham para as mulheres o silêncio,
carregado de culpa. Em muitas situações essa culpa era reforçada pela forma
como era recebida a informação e as perguntas que vinham? O que estava vestida?
Provocastes? Estavas com quem? Cada pergunta era como uma justificativa para o
ato.
Por esta razão é muito
importante trazermos para o debate e para as rodas de conversa em todos os
espaços: igrejas, sindicatos, partidos, centros acadêmicos, para os currículos
escolares e universitários a necessidade urgente de incorporar o gênero como
disciplina curricular, sob pena de não conseguirmos transformar as relações de
gênero nos próximos 100 anos. É importante recomendar e levar mais a sério o
projeto de reeducar os meninos e as meninas para serem homens e mulheres,
lembrando a frase histórica de Simone de Beauvoir em seu memorável O Segundo
Sexo: “Não se nasce mulher, torna-se”.
Ao trazermos esse debate para
a UFMA mais uma vez, queremos ampliar as vozes de indignação contra esse ato
que hoje afeta muitas mulheres neste espaço acadêmico. É preciso denunciar e
criminalizar e acima de tudo buscar caminhos para mudar essa cultura machista e
patriarcal que vitimiza as mulheres.